Zumbis da cerveja

André estava saindo de férias com sua família. Seu pai, José, guiava o carro que passava pelas cidades, carregando também Dona Marlene, sua mãe. Andavam felizes, despreocupados e descontraídos, mesmo que André na verdade não estivesse prestando atenção nas belas estradas e cidades em que passavam no caminho, e sim no Super Scribblenauts que jogava no seu Nintendo DS.
De repente, todos no carro percebem que estão num loop infinito, girando sem sair do eixo. Perdidos, seu José passa a orientação:

-Marlene, pergunta alguém aí como eu faço agora para pegar pra Cabo Frio.

Marlene ouviu e esperou chegar em algum lugar que tenha gente. Chegando nesse suposto lugar, o horror toma conta das expressões dos três no carro. O lugar era horripilante, sujo, com goteiras e posters de garotas-propagandas das cervejas mais famosas. Algumas criaturas habitavam o local. Quando se pôde reparar melhor nas criaturas, o medo tomou conta da expressão e o caos do pensamento. O desespero começava a subir. Aquelas criaturas eram mais sujas e horripilantes que o local! Vestiam uma camisa social suja e desabotoada, deixando seus pelos peitorais aparecendo, uma calça jeans desbotada e dobrada até o joelho, e um chinelo havaianas branco e azul que quem olha não diz que o chinelo tem menos de 50 anos.

Além disso, de mais perto, percebeu-se do que aquelas criaturas se alimentavam. Parecia um... um salgado! Mas com certeza não era um, porque aquele parecia muito mais preto, horripilante, sujo e que assim como o chinelo não tinha menos de 50 anos (talvez aquele "salgado" fosse um chinelo). Aqueles seres tinham uma preferência muito peculiar na alimentação, afinal, deixar um cigarrete envelhecer 50 anos para só assim comer tem que ter alguma explicação. Os seres horripilantes possuíam também um mascote, que parecia um cachorro extremamente feio ou um rato grande, que só servia de saco de pancadas pros seres horripilantes, mesmo com o cachorro implorando por um pedaço de chinelo-assado. E a peculiaridade principal das criaturas: eles bebiam muita, muita, MUITA cachaça e qualquer outra bebida a sua frente.

Seu José teve medo de tudo aquilo no início, porém pensou "Eu, como o líder dessa família, devo encarar essa". E demonstrou esse sentimento de falsa-coragem dizendo:

- Puta, mas que babaquice vocês, hein? Vamos ir direto aqui e lá na frente talvez encontremos alguem que pode nos responder.

Passando lá na frente, Marlene vê vultos que supostamente são pessoas e pergunta antes de abaixar o vidro:

-Aonde a gente pega pra Cabo Frio?

E depois que abaixa vê que ainda está na frente do horripilante buteco.

Um dos seres estranhosos atende Marlene e se aproxima do carro. José diz, com voz baixa:

-Ô Marlene! Olha pra quem você perguntou!!

A criatura vai se aproximando... aproximando... aproximando... Quando ele já está bem perto, Marlene pergunta de novo:

-Er... Cabo Frio, pra onde é?

A criatura continua se aproximando, enfia a cabeça para dentro do carro pela janela de Marlene. Ele responde:

-Mhhmmmmmm?

O pouco que essa criatura abriu a boca foi o suficiente para perceber-se o péssimo odor exalado por ela. Então, a criatura tira a cabeça do vidro, chama seus amigos, e enfia a cabeça no vidro de novo. E vai enfiando mais.

-Caboo frioooooooom.... - Diz o ser

As outras criaturas vinham quando Seu José tomou a atitude: fechou o vidro do carro com toda ignorância do universo, e deu uma arrancada histórica, quase arrancando a cabeça do que estava com ela na janela.

A milhas dali, José balbuciou:

-Ufa! Essa foi por pouco.

Então, a partir daí, André e sua família passou a andar só de avião, para evitar esses constrangimentos e principalmente essa cidade e esse buteco.

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