Roletas do INFERNOOOOOO




Toda vez que entrava um funcionário na empresa era a mesma coisa. Passa dedo pra lá, empurra de cá, e nunca que a tal da roleta funciona. O que acontecia era o seguinte: um leitor de digitais (leitor biométrico) as lia, consultava no banco de dados para ver se era de alguém da empresa, e, se fosse, liberava a entrada dessa pessoa. Bom seria se fosse assim, pois todo dia vários problemas impossibilitavam a entrada e saída dos funcionários. Inúmeros eram as falhas do sistema, mas por exemplo, podemos citar: roleta estragada, leitor sujo, dificuldade do leitor para reconhecer a digital, liberação do funcionário só que a roleta fica travada, liberação com outro nome, liberação de pessoas não-autorizadas, etc. E pobre de quem chegava atrasado, tinha que pegar no mínimo 1h30 de fila! O resultado foi que todos os dias aconteciam advertências, demissões e o estresse acumulava. Aquele era de longe o pior sistema de monitoramento empresarial.

E a dúvida comum dos funcionários aumentava: "Porque eles ainda usam esse sistema? Porque, Deus, não desenvolvem um sistema melhor?!" Os funcionários já começavam a acostumar com tudo aquilo, mesmo correndo o risco de serem advertidos e/ou demitidos. Os fracos saíram rápido. Todo dia chegavam, olhavam para aquela roleta com desprezo, faziam carrancas e alguns tinham uma expressão facial de sofrimento, soltando bufas pela boca, ou rosnando, ou bocejando... todo dia. Os funcionários aguentaram essa rotina até que um belo dia, o porteiro José Maria deixa a empresa. A direção, "competente" como sempre, colocou um novato que aceitou o trabalho por menos. No outro dia, o caos: o novo porteiro não sabia ativar as roletas e nem o sistema. Correndo de um lado para o outro, desesperado como um louco, tentava ativar aquilo como se isso custasse sua vida. O pessoal do lado de fora já olhava emburrado nos 15 primeiros minutos. O porteiro já tinha contatado todo mundo, e ninguém, absolutamente, sabia ativar o sistema. Ligou para o criador do sistema, e deu ocupado. Ligou para José Maria e ele o mandou ir se fuder. Os funcionários ja tinham esperado 1 hora. O jeito era "fuçar" até encontrar o jeito.
Os funcionários já faziam protesto, e a fila já estava dando uma volta no quarteirão. Até que, às 10:32 da manhã, o novo porteiro liga o sistema. Ok, ele ligou, agora falta todo mundo passar.

Deu 12:00 e ainda tinha gente passando. Deu 13:00 e ainda tinha gente passando. Então, por volta de 13:30 passou a última cabeça, mesmo assim porque bastante gente desistiu. À medida que iam chegando, já iam levando suas devidas advertências, com seus devidos descontos no salário. Revoltado, um funcionário resolveu fazer um abaixo-assinado para a troca do sistema de entrada na empresa. Então, depois de feito e entregado à gerência, o abaixo-assinado foi rasgado, e todos aqueles empregados foram demitidos sem dó. Nesse momento, os funcionários ficaram sem resposta. Ficaram todos tristes, abalados, e foram para casa cabisbaixos. Nem passava pela cabeça deles a real situação da gerência da empresa.

E numa cadeira confortável ficava Mauro Tibério, presidente da empresa, observando tudo isso num telão na sala dele. Mas o objetivo dele com esses funcionários foi alcançado, ele conseguiu fazer o filme pornô com cada um deles. Isso mesmo: enquanto a roleta ficava travada, na verdade, era porque uma microcâmera filmava os funcionários com cara de sofrimento para que Mauro Tibério pudesse fazer suas montagens com eles, satisfazendo sua estranha fantasia sexual e fazendo com que Mauro lucrasse muito com os vídeos que ele vendia na internet, com os funcionários que foram e os com os que vão ser.

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