O Necronomicon

Durante o almoço, os irmãos gêmeos Caio e Coio decidem mostrar o boletim escolar ao seu pai, afinal, aquela era a hora em que o pai estava mais relaxado. Seu pai sempre relaxava-se na hora de comer.

-12 em matemática, 8 em português, 0 em ensino religioso... Isso tá horrível Caio! Vamos ter uma conversa! Mas antes, deixa eu ver o do Coio...

Coio nesse momento franziu a testa, e junto ao irmão, percebeu que este também não estava se sentindo no melhor estado possível.

-Você está com três zeros! O que vocês tem feito no quarto de vocês?
-E...estudando papai. - disse Coio.
-Mas essas notas não são de quem estuda!
-É que temos dificuldade... - disse Caio, agora.
-Bom, já que têm dificuldade, acho que é hora de discutir com sua mãe se devemos colocar vocês em aulas particulares. - disse o pai, voltando a almoçar, como quem quer encerrar o assunto.
-Não, pai! Não é necessário, eu juro! - disse Caio.
-Como não? Vai ser melhor pra vocês! Agora me deixem acabar de almoçar, porque às 2 volto ao serviço.

Os irmãos então, se dirigiram ao quarto. Eram gêmeos idênticos, e, pra quem os via, era quase impossível saber qual era qual. O pai dificilmente acertava qual era qual, já a mãe dos garotos tinha uma habilidade quase sobrenatural de distingui-los.

-Não podemos entrar para aulas particulares! - disse Coio, se jogando na sua cama.
-Eu sei... Pelo menos se no livro tivesse algo para nos ajudar...
-Talvez tenha. Mas e o feitiço que começamos, deixamos pela metade?
-Podemos terminar ele agora. Faltava pouco pra terminarmos ele ontem.
-Tem certeza? Não podemos fazer muito barulho agora...
-Ninguém vai escutar, Coio, fique tranquilo. Levanta o tapete aí, vamos continuar.

Então, os dois garotos retiram o tapete, o arrastando para debaixo da cama, e um grande pentagrama é descoberto.

-Vamos, reacenda as velas. - disse Caio.

Acenderam. Começaram a dizer palavras impronunciáveis escritos no velho necromicon que encontraram nas velharias de seus avós. O falecido avô Demnok era o maior usuário deste. Era conhecido por lunático na família, e seu Necronomicon nunca fora descoberto, senão por Caio e Coio após o falecimento deste senhor. Após palavras malignas, dois seres surgem no meio do pentagrama, em meio a fumaça e enxofre. Um deles é um ser azul, pequeno, parecido com um rato grande com a cara esticada, usuário de um arco e flechas. O outro deles é parecido com a representação do demônio, vermelho e com um machado na mão.

-Eu sou o Guerreiro. - diz o vermelho.
-E eu sou o Arqueiro. - diz o azul.
-O que querem de nós, mestres? - diz Guerreiro.

Os garotos se olham com olhares empolgados, e de repente começam a pular alegremente, por terem conseguido a façanha de invocá-los. Enquanto comemoravam, os dois seres olhavam para eles com olhares de dúvida.

-Eu fico com o azul! - disse Coio.
-Tudo bem, eu gostei mais do vermelho mesmo. - disse Caio - O que nós vamos pedir para eles fazerem?
-Que tal nos livrarem dos nossos professores? É um bom jeito de não termos que estudar e podermos acabar de ler o livro do vovô!
-É uma boa idéia, mas não sei se... - Caio é interrompido.
-Crianças, o que estão fazend... AAAH! MAS O QUE É ISSO!?

O pai chega no quarto neste momento. Fica em choque olhando para o pentagrama e para os demônios invocados.

-ME EXPLIQUEM O QUE É ISSO! UM PENTAGRAMA!? E DAONDE VIERAM ESTES BRINQUEDOS ESTRANHOS!?
-Não somos brinquedos. Somos guerrreiros do Necronomicon. E eles são nossos mestres. - disse o Arqueiro.
-VOCÊS... FALAM... QUE SONHO... É ESTE... - disse o pai, cambaleando.
-Papai! - disse Coio percebendo que o pai ia cair.

O pai desmaia, e no momento em que os garotos vão ajudá-lo, os guerreiros somem, banidos de volta para seus mundos.

5 anos depois, Caio e Coio agora estudam em um colégio interno, católico, e totalmente rígido. Estão se formando no ensino médio.

Caio está fazendo flexões no chão do seu quarto, em uma noite chuvosa, enquanto Coio lê um livro.

-Cara, faz tanto tempo que estamos aqui... - disse Coio.
-E eu não sei? Faz tanto tempo que eu acho que já nem reconheceria nossos pais mais.
-Acho que nem sei como é lá fora...
-Bom, aqui estamos seguros, ao menos. Não vamos ter contato com mais nenhuma das bruxarias do vovô.
-Por falar nisso, o que aconteceu com o Necronomicon após o incidente?
-Acho que o papai fez picadinho dele. Ou pôs fogo. - disse Caio, dando um tempo nas flexões. - Cara, como eu queria ficar grande rápido. O ano está acabando, vamos sair ano que vem, e eu não quero estar magro assim. Quero comer alguma mina, mas não as beatinhas daqui. Mas do jeito que eu tô, não vou conseguir ninguém.
-Ah, se eu fosse você relaxaria. Eu não sei porque, mas, quando não estamos em aula, eu sinto que esse lugar é bem relaxante e protetor.
-Só pra você, que pode ver os homens que você gosta sem nenhuma restrição. Eu não quero ficar vendo mulher coberta não, cara.
-Ei! Eu já disse que não sou gay! Só não penso tanta putaria igual você.
-SHHHHHHHHHHH! - diz uma freira que passava no corredor.
-Melhor dormirmos agora. - diz Caio.

No final do ano, Caio e Coio finalmente se formam. Seus pais estavam presentes na grande formatura. Após 5 anos sem se ver, a família finalmente estava reunida. Um abraço em conjunto marcou a reunião deles. Após todas as celebrações, a família estava no carro, pronta para voltar para casa. No meio de todas as conversas que tiveram, surge um assunto.

-E aí, estão preparados para o ENEM? - diz o pai.
-Eu estou, pelo menos... - diz Coio.
-E você, Caio? - diz a mãe.
-É... eu tô. Eu to.

Depois da resposta dele, deram gostosas risadas. Em breve, chegaram em casa. Os irmãos voltaram ao quarto em que estavam, a 5 anos atrás, invocando dois demônios.

-Filhos, o quarto de vocês está 100% limpo. Não tem mais nada que possa fazer mal a vocês, exceto um ao outro. - a mãe da uma breve risada - Mas aí não posso garantir. Se vocês se deram tão bem tanto tempo, não podem fazer mal um ao outro. Enfim, vou dormir. Boa noite!
-Boa noite, mãe! - diz Coio.
-Boa noite, mãe. - diz Caio.

Após a mãe sair e fechar a porta, Caio vai para o chão e começa a fazer flexões.

-Você ainda não se cansou de tentar ficar "maromba"? - diz Coio.
-Não. Eu quero transar com alguém o mais rápido possível.
-Tsc tsc. Vou dormir. Vê se não faz muito barulho...

Coio dorme profundamente, e o irmão ainda está nas flexões.

"Cansei." disse Caio a si mesmo. "Queria tanto que tivesse um jeito mais fácil..."

Ao guardar, suas coisas, uma surpresa. Na gaveta principal do armário, estava o tão polêmico Necronomicon. Ao vê-lo, começou a respirar ofegante, pensando "O que isso tá fazendo aqui!? Isso já tinha que ter ido para o buraco a muito tempo." Parece que o livro havia se identificado com os garotos. Talvez por terem o sangue de Demnok Lannik. "Ah, meu deus... Eu não devia estar vendo isso. Tenho que resistir a não abri-lo de novo." Fechou a porta do armário, com força. Depois se lembrou que todos estavam dormindo e cerrou os dentes, se punindo. "Vou dormir. Isso já me causou muito problema." Os pensamentos de Caio estavam embaralhados. Justo nesse instante, o instinto sexual do garoto falou mais alto. Abriu o armário de novo, pensando "E se no livro tiver algo que me ajude?" Depois de muito folhear, achou um dos mais supremos feitiços.

Na manhã seguinte, as 8 da manhã, Caio acorda seu irmão.

-Acorda.
-Hã... O que? Deixa eu dormir, ou.
-Preciso que você acorde, urgente.
-Jura? Mas que merda...

Depois de acordar, Caio convence o seu irmão a ir na casa da sua avó, dizendo que tem algo super importante para mostrar. No caminho, Coio diz.

-Você realmente não vai me dizer o que de tão importante você vai mostrar?
-Lá eu mostro.
-Porra, quando a gente finalmente pode dormir você me vem com essa...

Chegaram na casa da avó. A cumprimentaram.

-Vamos tomar café, filhos? Tá fresquinho. - disse a avó.
-Eu quer...
-Não, obrigado vovó... A gente vai ali no sótão um pouquinho. (Vem). - disse Caio, interrompendo o irmão.

Ao chegar no sótão, Coio diz:

-Nem café podemos tomar!?
-Relaxa. O que eu tenho pra te mostrar é muito mais importante.

Caio revira a mochila e tira o Necronomicon.

-MAS O QUE!? - disse Coio - O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO COM ISSO?
-Shhhhh... - disse Caio.
-NÃO FOI O SUFICIENTE O PROBLEMA QUE A GENTE CAUSOU ANOS ATRÁS? VOCÊ QUER MAIS? Eu vou embora!
-Espera! Eu achei ele ontem a noite, juro que não estava com ele antes.

Coio franziu a sobrancelha, como quem não acreditava nas palavras do irmão.

-Tem uma coisa muito importante no livro e eu quero que você veja.

A curiosidade fez com que Coio ficasse.

-Tá, mostra.
-Olha só, um dos feitiços mais supremos do livro. Ele garante a você qualquer coisa que você desejar. - disse Caio mostrando a parte do livro.
-Jura que depois desses anos todos você ainda entende essa língua demoníaca do livro?
-Eu não sei você, mas acho que devíamos experimentar esse feitiço.
-Não!
-Irmão, pensa... Você vai ter qualquer coisa que pedir, só precisamos fazer isso e depois mais nada.

Coio não concorda nem discorda, mas olha atentamente para o irmão.

-Vou começar a montar o pentagrama.
-...

Caio começa a montar, Coio não ajuda, mas também não vai embora. Na hora de acender as velas, Coio ajuda.

Os irmãos, novamente, diziam as palavras malignas de invocação. Após uma hora de ritual, uma fumaça azul inunda todo o sótão. Os irmãos começam a tossir. Coio pergunta:

-Deu certo?
-Não sei...

De repente, uma voz surge.

-Mestres, pensem em seus desejos e eu realizarei. - uma figura demoníaca é formada com a fumaça.

Os irmãos se olham, fecham os olhos, e desejam. No momento em que deseja, Caio fica "monstrão", com o corpo parecido com o de Leo Stronda. E, ao lado de Coio, se materializa o ator Taylor Lautner. A fumaça some logo depois.

-Sabia que você era gay!! Hahaahahaha, por que nunca assumia!? - disse Caio Stronda.
-Se o que estamos fazendo é errado, que se foda. Vou fazer tudo errado de uma vez. - disse Coio, abraçado com Taylor - Ok, e agora para sairmos sem que a vovó perceba as diferenças?
-Eu pensei em tudo. Tá vendo aquela janelinha? Basta que pulemos lá em baixo.
-Você tá maluco? Olha a altura! Estamos no segundo andar!
-Relaxa, cara. Não vai acontecer nada, juro.

Eles pulam. Primeiro Caio, que cai de pé, e da dois passos pra frente com o impulso, depois Coio, que cai e se machuca no braço, depois Taylor, que cai de pé.

-Ai... Sabia que ia dar merda. - disse Coio.
-Ah, isso não é nada. E também ele cuida de você. - diz Caio, olhando pro Taylor - Vou pro centro. Me acompanham?
-Ah, acho que a gente vai dar uma volta aqui... Pode ir.

Caio piscou para o irmão, e deixou os dois a sós.

3 meses se passam. Caio agora tem uma vida sexual satisfatória, e Coio está muito feliz com seu namorado. Só não esperavam pelo que iria acontecer.

-AH! Minha perna! Meu braço! Tá tudo doendo! - diz Caio, em seu quarto, caído no chão, se remoendo.

O feitiço tinha um porém. Era um feitiço avançado, e não poderia ser invocado por um necromante novato. Possuía um grande nível de dificuldade, e, talvez, o falecido avô dos garotos poderia o invocar, com sorte, mas não eles. Nesse momento, Caio estava sofrendo de encurtamento muscular acelerada, enquanto Coio, a alguns quilômetros dali, sofria a perda de um amor. Era o suficiente para que aprendessem a lição?

Após 2 anos de depressão profunda e recuperação, os garotos finalmente estavam de novo de pé. Agora como pastores da Igreja Universal, contando o que passaram. Caio havia ficado com a pele "muchibenta" e enrugada, mas escondia isso debaixo do terno de pastor. Coio havia se tornado uma das pessoas mais intolerantes que se tem conhecimento. Eram famosos por serem os pastores gêmeos, os pastores mais jovens do Brasil. Estavam finalmente, felizes e estáveis. Será que nunca mais encostariam no Necronomicon?

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