Curte esses tronsfarmers, Chris.


Um fusca azul estava estacionado. Ele era o típico fusca de roça, com um pouco de barro nas rodas, lataria bonita e conservada. Seu Zé, o dono de uma pequena propriedade na zona rural, era também o dono do fusquinha. De repente, passou uma caminhonete, na estrada de chão. Tinha um homem dentro dela. Ele desceu e foi até o sítio de Zé. Bateu a porta e gritou:

-Ô seu Zéeeeee!

De repente, capengando, vem o senhor, abre a porta, e cumprimenta o homem.

-Ôooopa! Tudo bão?

-Tudo, e co sinhor?

-Tudo bão tameim, com a graça de Deus. Cê é o filho da dona Marilene, que faz unha né?

-Sou sim, meu nome é Marcos. - disse ele, sorrindo por ser reconhecido

-Vamo entrá, minha esposa fez um cafezinho ali. - disse Zé, indo em direção a cozinha.

Enquanto estavam tomando café e comendo bolo de laranja,  Sr. Zé perguntou:

-Mas então, a que devo a visita?

-É o seguinte seu Zé, você sabe que eu sou policial. - Marcos fez um duro contato visual nesse momento - E fiquei sabendo que o fusca que o senhor está vendendo, tem informações que são importantes para nós.

-Que tipo de informação?

-Confidencial. Não posso te contar ainda.

-Não... vocês não levam meu carro assim não.

-Me desculpe senhor, é de urgência nacional.

Seu Zé olhou para o policial, com expressão de que não gostava disso, mas entendeu e foi com o policial até a porta. Saindo pela porta, ambos ficam assustados. O fusca não estava mais lá. Marcos voltou-se para o senhor e perguntou:

-O que você fez?

-Eu num fiz nada, não senhor. Alguém deve ter roubado meu fusca!

-Não adianta tentar me enganar. Só volto para a cidade com esse maldito carro!

De repente, o policial aponta uma arma para seu Zé, e cochicha no seu rádio no casaco. O senhor se espanta e levanta os braços. E então, em segundos, o sítio é todo cercado por viaturas policiais.

-Que que tá acontecendo??? Por favor me fala! - suplicou o senhor.

-Aonde está o fusca?

-Eu já disse que não sei!

Então, Marcos disparou em Zé, que caiu no chão e ficou se contorcendo. Tinha sido eletrocutado pela arma do policial.

Um dia depois, seu Zé acordou, em sua cama. Era de manhã, lá pras 7, e sua esposa já estava acordada, cuidando do marido.

-Que que aconteceu, muie?
-O policial que tava aqui atirou aquelas arma de choque em você. - explicou a mulher.
-O que? Como assim? E o nosso fusquinha, levaram? - perguntou seu Zé, se respondendo, afinal, levantou da cama as pressas e olhou para janela, vendo que o seu fusca não estava mais lá -...E agora, cumé que a gente vai fazê? O único jeito de ir até a cidade é de carro, e roubaro nosso fusquinha!
-Calma Zé, vai dá tudo certo. Qualquer coisa é só falá com a Dona Marilene, mãe do seu Marcos, que ela puxa a orelha dele pra ele devolver o fusca. Por que você não relaxa um pouco? Olha só o que o seu neto trouxe pra você.
-O que que é isso?
-Um computadô, ele disse que não precisava mais, porque ele comprou um novo. Aqui, ele deu isso aqui também, um troço que espeta aqui e dá pra conectar com o mundo todo. - disse a Dona Ana Lúcia, se referindo a um modem 3G.

O senhor pegou o computador e o modem, com certa desconfiança, e começou a usar. No início, ele se sentiu burro que nem uma pedra, não conseguia sequer mudar a tela do computador. Na verdade, ele não entendia sequer o propósito de usar um computador. Quando via os seus netos usando, achava que era igual uma televisão, mas eles não pareciam ficar vendo a mesma tela até cansarem. Enfim, desligou o computador e voltou a dormir.

Após 3 h, o homem acorda. Não se sabe se foi um sonho, mas ele acordou motivado. Seu Zé era um homem que gostava de desafios, não importava a dificuldade deles. Pegou o computador de novo, espetou o 3g e o ligou. Após muitas tentativas, descobriu algumas funcionalidades do aparelho.

...

3 meses se passam. Seu Zé conseguiu conectar na internet, fez um facebook e adicionou a família. Dona Ana chega no quarto:

-Home, ligaram lá da delegacia. Pediram desculpas por terem pegado nosso fusquinha, era por causa de um negócio lá importante pro mundo todo. Falaram que o fusca era robô com nome de tal de Ótimo Praime. (Demorei umas 2 hora pra entender que que era isso huhuhu), Mas enfim, eles falaram que nosso fusquinha salvô o mundo. Ele virô robô e foi pro planeta dele. Você acha que eles tão mentindo pra robá nosso fusquinha?

Seu Zé parecia compenetrado, usando o notebook na sua cama. Parecia não ter entendido direito o que sua mulher disse.

-Zé!
-Oi! Que que foi! - disse ele, assustado.
-Cê não ouviu nada que eu disse?
-Ouvi... Eles vão devolvê nosso fusca ou não?
-Não! Presta atenção, pelamor de Deus!

O facebook chamava muita atenção. Teria descoberto a página Viagem Atômica, uma página que posta muita merda, apesar de não postar muito. Desde então, ficou obcecado com a página. Quem posta tanta merda? Quem seria a mente por trás desta doentia página, que faz posts desse tipo? Decidiu que não iria descansar até descobrir quem era o dono desta.

Após alguns dias de investigação, seu Zé estava horrível. Estava com uma enorme barba grisalha, e durante esse tempo não tomou banho. Sua esposa já estava ficando irritada.

-Zé! Cê não vai largar desse troço não? As planta já tão morrendo, as vaca já tão ficando sem pasto, os cabrito tão morrendo porque tão sem água! As galinha já foi tudo pro saco, porque cê não cuida e não dá nem pra por na panela, de tão magra que elas tava.

Zé parecia não ligar. Tinha finalmente achado o facebook do criador da página, que tanto tinha procurado. Mandou uma mensagem para ele.

-"Olá. Vejo que finalmente te encontrei. Sou um grande fã da sua página. Vi cada post seu, até os mais obscuros, que ninguém tinha visto. Desenvolvi teorias sobre alguns de seus posts. Algumas dúvidas ainda permeiam minha cabeça. Preciso de te encontrar, para conversarmos. Por favor, responda o mais rápido possível."

...

Muitos dias se passaram. Seu Zé estava destruído, fisicamente. Sua roça, abandonada, assim como sua esposa. Ele havia redefinido seus objetivos de vida; agora o que queria era seguir o seu mestre, o administrador da página Viagem Atômica. O senhor se encontrava jogando agar.io, quando ouviu um barulho do facebook.

-PLUMP!
-É ele! É ele! É ele! - gritou seu Zé.
-Ele quem, o homem que eu me casei a 30 anos atrás? - disse Dona Ana.
-O criador da página. Vamos ver o que ele disse.

-"Prezado seu Zé, agradeço sua mensagem e seu amor pela página. Gostaria de encontrá-lo. Estou em São Paulo no momento. Gostaria que viesse aqui, tenho algo para te mostrar."

Seu Zé não titubeou e foi atrás do seu sonho recente. Arrumou as malas, o dinheiro e foi para São Paulo. Na sua despedida do sítio, sua esposa disse:

-Ondé que cê vai Zé?
-Vô pra São Paulo.
-São Paulo? E quando volta?
-Adeus, meu bem.

Ao chegar em São Paulo, foi ao encontro do jovem criador da página, chamado Bruno Paiva. Ele estava em um matagal em um bairro afastado, com um amigo careca e alto. Quando se encontraram, seu Zé não resistiu, e deu um abraço em Bruno, que era da idade do neto mais velho do senhor. Conversaram por muito tempo. Ficaram mais de 2h conversando. Então, o idoso percebeu que havia uma caixa grande, coberta com um pano, atrás deles. Não resistiu e resolveu perguntar:

-O que que é esse negoço atrás docê aí?
-Ah, isso? Isso é o que eu falei que queria te mostrar. Por acaso o senhor já viu a série "Todo mundo odeia o Chris"?

Seu Zé tirou o computador, baixou todos os episódios da série e assistiu todos. Em 2 dias, teria terminado tudo, e ele tinha sequer dormido. Bruno e seu amigo estariam dormindo em uma barraca perto dali. O senhor foi perto dele, cutucou ele e disse:

-Já.
-Já o que? - disse Bruno, com sono.
-Já assisti a série "Todo mundo odeia o Chris".

Então, Bruno acordou seu amigo e retomaram o papo de 2 dias atrás, quando se encontraram.

-Então, como o senhor viu, nós não sabemos o real fim da série. E também, sabemos que a série é baseada em fatos reais. Nós resolvemos, então, construímos aquilo. Vem cá. -disse ele, se levantando e indo em direção à grande caixa coberta.

O garoto retirou o pano da caixa.

-O que é isso!? - disse o senhor.
-Isso é o que eu chamo de C.E.D.I.S, uma cabine telefônica que é, na realidade, uma máquina do tempo, que vai nos levar pra 1985, e assim descobriremos o que aconteceu com Chris no final da série. E eu quero que o senhor vá comigo, afinal, não quero ir sozinho.
-Mas e ele? - disse seu Zé, apontando para o amigo de Bruno.
-O Careca? Não, ele é viagenotempofóbico... Tem medo de acontecer algo com ele. Vamos?

Entraram na cabine.

-Uau, é maior por dentro! - disse o senhor.
-Sim, agora se segura! Nós vamos para 1985!

Então, eles descobrem que Chris foi reprovado no teste do seu supletivo, e depois disso foge de casa com 2 amigos, chamados Zé e Bruno, e ficaram bastante tempo de suas vidas vagabundeando no Brooklyn, até que Chris decide ser um comediante... Ou seja, continuou sendo um vagabundo.

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